A redenção de Luka Modric

Gêra Lobo
3 min readJul 18, 2020

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A carreira de Luka Modric após o polêmico prêmio de Bola de Ouro em 2018 deu uma contornada não muito legal para o croata. Seu nível teve uma queda considerável na temporada 2018/19, com atuações bem abaixo do que pode, assim como quase todo o elenco do Real Madrid. Para a temporada 2019/20, uma grata “surpresa” apareceu para Zinédine Zidane: Fede Valverde, esse mesmo da foto com Luka. O uruguaio trouxe um equilíbrio e intensidade importantíssimos para o time merengue, que rendeu a vaga de titular no lugar de quem? Sim, Modric. Mas ele se abateu com isso? Nem um pouco.

Eu sei, você sabe, todos nós sabemos que Zidane é muito apegado aos jogadores que o ajudaram a conquistar tudo isso que já conquistou como técnico. A relação dele com Modric é bem transparente, ou seja, mesmo reserva, Luka sempre teve chances e se mostrou motivado a ajudar o clube, mesmo no banco. E essa motivação foi essencial para que recuperasse o futebol que todos nós sabemos que ele é capaz. Aquele que rendeu o prêmio de Melhor do Mundo, mesmo com concordâncias e discordâncias em relação a isto, mas só de estar cogitado, já é algo gigantesco.

Até dezembro, mais ou menos, Modric ainda estava com algumas atuações irregulares, mas se via um jogador mais a vontade e melhor fisicamente, com “flashes” daquele Luka que conhecemos. Mas, principalmente após a Supercopa da Espanha, seu nível começou a crescer de maneira impressionante, que acabou “obrigando” Zidane a, muitas vezes, utilizar todos os seus meias (Casemiro, Kroos, Valverde e Modric), já que não dava pra tirar ninguém do time. Problema? Nenhum. Eles souberam como se relacionar dentro de campo, exatamente por essa versatilidade e por serem todos jogadores com estilos distintos. Esse controle do meio de campo que o Madrid conseguiu em praticamente todos os jogos com eles foi essencial para vencer muitas partidas. Vale lembrar que Modric teve sua melhor marca de assistências em uma temporada de La Liga desde que chegou a Espanha: 7. Relembro: ele não foi titular a temporada toda.

Mas por que “redenção”? Bom, após muitas desconfianças, até sendo quase vendido por estar perto do fim do seu contrato, Modric sempre deixou claro que quer se aposentar como blanco e quer continuar vencendo em Madrid. Mesmo depois de momentos difíceis desde 2018, ele foi persistente e acabou sendo essencial para o título da La Liga 2019/20. O futebol apresentado pelo croata, principalmente após o retorno da pausa, foi de outro mundo, lembrando muito seus momentos no auge, como melhor meia do planeta. A forma dinâmica como performou no ataque, a intensidade, pressionando os adversários, tudo absurdo para um cara que vai completar 35 anos em setembro. Jogou num ritmo e vontade de um moleque de 20 anos. Isso tudo foi recompensado com um título onde foi sim um dos principais destaques.

Ele vai entrar no seu último ano de contrato e agora é um momento importante de saber o que acontecerá. Espera acabar o contrato e deixa sair de graça, vende logo ou renova por mais uma temporada pra, talvez, se aposentar no clube? Independente do que aconteça, Luka Modric é um ídolo gigantesco e, talvez, um dos dois maiores meias da história do clube, junto de quem? Sim, do seu técnico hoje, Zidane. Sua história está mais do que feita, de um cara que sempre se rendeu e fez das tripas coração pelo bem do Real Madrid. Sua redenção nessa temporada, voltando a ser aquele Modric que conhecemos e destaque é prazeroso demais, ainda mais estando fisicamente perfeito. Repito: independente do que aconteça, o casamento Modric-Real Madrid foi perfeito e as duas partes sabem disso.

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Apenas mais um buscando seu espaço. Pensamentos profundos sobre esportes, principalmente futebol e basquete, e cultura pop também. Twitter: @gerinhalobo_

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